A celebração pascal ocupa lugar central na vida da Igreja. Solenidade litúrgica por excelência, a Páscoa é a fonte e o cume de todo e qualquer culto cristão. A Igreja nasce da Páscoa e através dela atualiza-se pelas estradas da vida. Jesus Cristo, na sua Paixão, Morte e Ressurreição, inaugura um tempo novo para toda a humanidade e torna-se o paradigma da libertação, redenção.
No silêncio fecundo da Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias, como diz Sto. Agostinho, a Igreja mergulha com Jesus Cristo nas profundezas da humilhação da morte e com Ele revive a experiência única e perene da Ressurreição, na alegria consciente de que o grão de trigo precisa de morrer para produzir frutos (a vida). Diante da importância desta celebração para a vida da Igreja, resta-nos olhar mais de perto o acontecimento pascal como memorial da vida e da ação de Cristo em favor da humanidade.
A liturgia do Domingo de Páscoa é passagem da morte para a vida, pois celebramos a Ressurreição do Senhor. Neste momento vivemos uma realidade passada e ao mesmo tempo presente e atual: vencida a morte, celebra-se a vida. Jesus Cristo, o Cordeiro imolado, tirou o pecado do mundo; morrendo destruiu a morte, ressuscitando deu-nos nova vida. O mundo exulta. A mão do Senhor, que pousou sobre Cristo, pousa agora sobre nós. O que realizou em Cristo realiza em nós: faz-nos viver. Hoje é um imenso dia. É o dia eterno: “estou sempre convosco”. A liturgia repete cada dia: “Hoje é o dia que o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele”. É um dia que dura oito dias. Um só dia é pouco para viver todo o mistério. Iniciamos o tempo Pascal, que vai até ao Pentecostes. São 50 dias. Sto. Anastácio chama de grande Domingo. Todo o tempo pascal é uma oportunidade que a Igreja recebe para conhecer, amar, celebrar e viver o mistério do nosso Redentor Ressuscitado.
A reflexão deste tempo volta-se para a Eucaristia, que está inteiramente focada no Mistério Pascal, pois é nele que tem o seu início. A liturgia da palavra faz o anúncio da Ressurreição: ele ressuscitou, não está mais no túmulo. Nós comemos e bebemos com ele. Apareceu a Simão. Ele é a pedra que os construtores rejeitaram e tornou-se pedra angular. Os apóstolos são testemunhas. Neste anúncio todos são chamados a viver uma vida nova, a partir da sua ressurreição. Demos graças a Deus, porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia.
Glória! A alegria da Páscoa invade o coração da comunidade que canta a glória de Jesus Cristo, Cordeiro imolado, nossa Páscoa a quem pertence o Reino e a Glória! A Ressurreição de Cristo leva à plenitude toda a obra da imensa misericórdia de Deus. Nesta celebração do Dia do Senhor, tornam-se presentes para nós todos os grandes momentos e mistérios da nossa ressurreição: É a nova criação, a nova aliança, o dom do Espírito Santo que nos faz viver na esperança da vinda do Senhor. Celebrando, vivendo no amor, estamos ressuscitados. Vivemos já e agora a vida eterna.