A história do antigo Povo de Deus e da Igreja de Cristo é um constante testemunho de chamamentos que o Senhor faz, mesmo em idades mais jovens. Por isso mesmo, na ação da Igreja, uma das grandes preocupações tem de ser a atenção dada aos que estão mais “disponíveis” para escutar a voz do Mestre. Estes são os seminaristas. Rapazes que aceitam o desafio de descobrir se o seu caminho de felicidade passa pela vida sacerdotal. A passagem pelo seminário é um tempo de busca de um projeto que dê sentido às interrogações da vida de cada um.
Vivemos a Semana dos Seminários. Mas estes só existem com seminaristas.
Esta é uma semana de oração. Pelo menos isto está ao alcance de todos. Escutemos o Papa: “A vocação é fruto da oração da Igreja, mas também do trabalho assíduo e paciente de muitos operários da messe do Senhor, que lavraram, semearam e cuidaram do terreno. É também fruto daqueles que, em silêncio e com solicitude quotidiana, oferecem a sua oração e o seu sofrimento pelos sacerdotes e pelas vocações”.
É missão de todos nós.
Mas vivemos este mês com alegria e esperança, pois acompanhamos o António Miguel Pinto que se prepara para a ser ordenado Diácono Permanente.
Quais as funções do diácono permanente?
O diácono é chamado a ser servo e próximo de todos, dando testemunho de uma Igreja «serva e pobre», sublinhando que o sacramento do altar não pode estar separado do sacramento do irmão e que o anúncio da Palavra não pode separar-se de gestos concretos de serviço caritativo. O diácono zela pelo santo nome de Deus, pelo santo rosto do irmão e pela santa paz das comunidades e do mundo.
O diácono permanente serve a Igreja a seu modo, pela tripla diaconia da Caridade, da Palavra e da Liturgia. Realizará estes serviços da Caridade, da Palavra e da Liturgia como dons de Deus e em comunhão com o bispo e o presbitério. A tripla diaconia é determinada a partir da Caridade. No ministério do diácono permanente, é a Caridade que dá consistência e sentido às diaconias da Palavra e da Liturgia.
O diácono destinado ao ministério, de modo diferente do presbítero, pode não exercer necessariamente de maneira conjunta as três funções de ensinar, de santificar e de conduzir o Povo de Deus.
Os diáconos significam (simbolizam) a vocação diaconal de toda a Igreja e, através da vivência da Caridade, dão testemunho da Eucaristia em que participam e da Palavra que anunciam.
1. Diaconia da Caridade
• É próprio do diácono o serviço no amor desprendido e gratuito aos pobres e necessitados, nos quais descobre e serve o próprio Cristo.
• Este serviço manifesta a vinculação existente entre a Mesa do Corpo de Cristo e a Mesa dos pobres. Assim, anima e dinamiza a Caridade na Igreja.
• A solidariedade é um dever moral que se impõe a todo o ser humano. O diácono testemunha, no exercício das suas tarefas, que a Caridade cristã resulta do dom de Cristo aos seres humanos que Ele ama; ela decorre da sua diaconia. Testemunha a «solidariedade mística», que parte da Eucaristia.
• No lugar onde se encontra, é chamado a suscitar, na medida do possível, o acompanhamento social e a exercer uma atenção vigilante e atenta, captando necessidades para procurar soluções e respostas.
• O diácono poderá assumir a liderança da pastoral social a nível paroquial, da unidade pastoral, do arciprestado ou Vigararia, ou até a nível diocesano.
2. Diaconia da Palavra de Deus
• Este ministério compromete o diácono na leitura assídua da Palavra de Deus, no seu estudo e reflexão, para servir a causa da evangelização, para ajudar as pessoas no caminho da fé e para fomentar a sua transformação e renovação, bem como a transformação e renovação das próprias estruturas.
• É missão do diácono: proclamar a Palavra de Deus aos fiéis e a sua explicação na homilia; orientar e animar a evangelização dos afastados e marginalizados; partilhar com o pároco a responsabilidade da Catequese paroquial nos distintos níveis da educação da fé; denunciar as situações injustas e consciencializar a comunidade no seu compromisso missionário e militante.
• O diácono deve estar formado para a explicação mais concreta do texto evangélico e capacitado para um anúncio concreto do Evangelho. A sua formação nutre-se da Palavra e da história da sua vivência prática.
3. Diaconia da Liturgia
• Com este ministério, o diácono está chamado a proporcionar a renovação litúrgica das comunidades cristãs, a motivar e a contribuir para que os fiéis se reúnam, louvem o Senhor e participem na Eucaristia.
• São algumas das suas funções: administrar o Batismo; assistir e abençoar o Matrimónio, em nome da Igreja; distribuir a Eucaristia e levá-la aos doentes; presidir à Liturgia dos Defuntos; assistir ao bispo e ao presbítero na Liturgia; celebrar diariamente a Liturgia das Horas; promover as equipas de animação litúrgica; presidir ao culto e à oração da comunidade na ausência do Presbítero, etc.
4. Outras diaconias pastorais
• Promove e participa, com o presbítero, do ministério da comunhão, velando pela edificação da comunidade cristã, através das suas funções.
• Ajuda a que todos se insiram e participem na vida e missão da comunidade cristã, a partir do dom e carisma recebidos.
• Poderá integrar a direção de um Centro Social Paroquial ou de outra IPSS e, eventualmente, poderá assumir a sua presidência.
• O Conselho Económico Paroquial poderá ser um importante campo de trabalho para o diácono.
• Anima os ministérios ou serviços na comunidade.
• Poderá cuidar do arquivo da paróquia e dos livros sacramentais.
• Faz parte do Conselho Pastoral Paroquial, procurando ser corresponsável, com o pároco, da pastoral paroquial.
Pe Álvaro Cunha, CM